terça-feira, 28 de julho de 2009

Killer Wine ....



Livre, afinal! ela está morta!Posso beber o tempo inteiro.Quando eu voltava sem dinheiro,Se ouviam gritos logo à porta.
Sou tão feliz quanto é um rei;O ar é puro, o céu adorável...Era um verão incomparávelQuando por ela me encantei!
A sede atroz que me põe loucoPara saciá-la exigiriaO que de vinho caberiaEm sua tumba. E não é pouco:
Atirei-a ao fundo de um poço,E eu mesmo pus, para cobri-la,De suas bordas toda a argila.- Hei de esquecê-la, se é que posso!
Em nome das eternas juras,Pois nada pode afastar,E para nos reconciliarComo no tempo das aventuras.

Eu lhe implorei uma entrevista,À noite, numa estrada escura.Ela veio! – a louca criatura!Talvez em nós um louco exista!
Ela era então ainda garrida,Embora exausta e já sem viço!quanto eu a amava! e foi por issoQue lhe ordenei: Sai desta vida!
Ninguém me entende. Algum canalha,Dentre esse ébrios enfadonhos,Conceberia em seus maus sonhosFazer do vinho uma mortalha?
Essa devassa indiferente,Como qualquer engenho hodierno,Jamais, no verão ou no inverno,Sentiu do amor o apelo ardente,
Com suas negras seduções,Seu cortejo infernal de horrores,Seus venenos e dissabores,Seus timbres de ossos e grilhões!
- Eis-me liberto e a sós comigo!Serei à noite um ébrio morto;Sem nenhum medo ou desconforto,Farei da terra o meu abrigo,
E ali dormirei como um cão!Podem as rodas da carroça,Cheia de entulho e lama grossa,Ou um colérico vagão
Esmagar-me a fronte culpadaOu cortar-me ao meio, que ao caboEu zombo de tudo, do diabo,De Deus ou da Ceia Sagrada!

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